Plantão
Nesta quinta-feira
(03/10/2019), O procurador da Fazenda Nacional Matheus Carneiro
Assunção, foi preso depois de tentar matar uma juíza na sede do Tribunal
Regional Federal da 3ª Região, na Avenida Paulista.
Ele invadiu o gabinete da juíza Louise Filgueiras,
convocada para substituir o desembargador Paulo Fontes, em férias, e chegou a
acertar uma facada no pescoço dela, mas o ferimento foi leve. Antes de se
descontrolar totalmente, o procurador despachara com a desembargadora Cecilia
Marcondes, quando já se mostrou alterado. Assunção então foi ao gabinete do
desembargador Fábio Prieto, no 22º andar. Ele presidia uma sessão de julgamento
e não estava no gabinete no momento.
O procurador, então, desceu as escadas e invadiu a
sala que fica imediatamente abaixo, de Paulo Fontes, mas ocupado por Filgueiras
durante suas férias.
A juíza trabalhava em sua mesa e foi surpreendida pela
invasão do procurador, mas conseguiu se afastar dele — as mesas dos
desembargadores são bastante amplas, o que dificultou o acesso de Assunção à
vítima.
Diante do insucesso, ele ainda tentou jogar uma jarra
de vidro na direção da magistrada, mas errou. O barulho da jarra quebrando foi
o que chamou a atenção dos assessores. E o procurador foi imobilizado pelas
pessoas que estavam dentro do gabinete durante a ação.
Assunção foi preso em flagrante e no momento aguardava
a chegada da Polícia Federal para ser levado da sede do tribunal, na região
central de São Paulo. Ele ainda não tem advogado constituído.
Quem viu o procurador se movimentar pelo tribunal
comentou que ele parecia em estado de surto e intercalava frases sem sentido
como de efeito sobre “acabar com a corrupção no Brasil”. Ao ser
imobilizado, o procurador se mostrou confuso. Segundo os seguranças que o
detiveram, Assunção afirmou que deveria ter entrado armado no tribunal, “para
fazer o que Janot deixou de fazer”.
Neste momento, enquanto a Polícia Federal
chega no prédio do tribunal para dar voz de prisão ao agressor, a
segurança do TRF fez um mapeamento sobre a sua andança pelo prédio.
Repercussão
"Não bastasse a notícia recentemente divulgada de que um Procurador da República pensou em atentar contra a vida de um ministro do STF, agora temos uma infeliz ocorrência no TRF de São Paulo. Para além de lamentar o ocorrido e se solidarizar com a vítima e todos os colegas do tribunal, urge mais uma vez repensar os níveis de segurança das cortes e dos fóruns, em todo o país”, lamentou Jayme de Oliveira, presidente da Associação dos Magistrados do Brasil (AMB).
Para Fernando Mendes, presidente da Associação dos
Juízes Federais do Brasil (Ajufe), não pode se admitir qualquer ataque à
magistratura. "A magistratura vem sendo atacada simbolicamente nos últimos
tempos, e essa campanha nefasta na tentativa de desacreditar a instituição
acaba estimulando o comportamento criminoso de indivíduos. Temos de dar um
basta a isso."
Segundo Marcos da Costa, ex-presidente da OAB-SP,
"não podemos admitir que se estabeleça um clima de ódio dentro do ambiente
que deveria ser marcado pelo respeito entre aqueles que estão a dedicar suas
vidas em prol da justiça".
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