Num certo dia de 1974, Peter Blenkiron sentiu as mãos do padre-professor percorrendo seu corpo, por dentro da camisa, para dentro das calças. O menino de 11 anos estava na sétima série do Colégio Saint Patricks, na cidade de Ballarat, Austrália. Costumava sentar no fundo da sala de aula da escola católica, que mantinha um rígido sistema de ensino. Os alunos não gostavam, mas acabaram se acostumando com a rotina, que incluía tapas nas mãos e agressões com cintos.
Enquanto tocava a genitália do garoto dentro da sala de aula, o padre mandava os outros estudantes olharem apenas para a frente. Com medo, ninguém se atrevia a desobedecer. Quando as lágrimas escorriam dos olhos de Peter, ele ganhava abraços e beijos "para se acalmar". "Passei quase um ano aterrorizado, tentando evitá-lo", conta Peter ao Terra.
Em novembro daquele ano, o aluno foi levado ao dormitório do professor "como punição por não ter feito o tema de casa". Ele teve suas mãos amarradas e foi forçado a se virar de costas para o religioso, que violentou o menino. A dor física do abuso sexual continua na memória de Peter, mas o sofrimento emocional transformaria sua vida para sempre. "É uma bomba que pode explodir a qualquer momento", diz. Aos 38 anos de idade, ele teve uma crise nervosa, mas só conseguiu contar sua história quatro anos depois. "Da primeira vez que falei, permaneci no chão, em posição fetal, completamente perturbado", lembra. Era final do ano letivo e as férias escolares estavam começando. "Eu não contei nada pra ninguém porque estava com medo e não queria sofrer preconceito. Alguns colegas já tinham sido chamados de veados porque foram forçados a fazer sexo com outros garotos na frente dos religiosos", declara Peter. Durante o recesso, o professor foi transferido de colégio. Comissão investiga abusos. A transferência de padres, irmãos e seminaristas pedófilos para outras escolas ou paróquias é apenas um dos assuntos analisados pela Royal Commission, uma comissão nacional de inquérito criada para investigar casos de abuso sexual na Igreja Católica e outras instituições de menores. "Vamos examinar onde o sistema falhou com as crianças, para fazer recomendações e prevenir abusos", explicou o presidente da Comissão, Peter McClellan. O objetivo da investigação é melhorar as políticas de atendimento e mudar a legislação para garantir a punição dos culpados, diminuindo o poder da Igreja de transferir os agressores, por exemplo. A Comissão estima que cinco mil vítimas de abuso sexual serão ouvidas até dezembro de 2015, quando o relatório final deve ser apresentado. Os depoimentos começaram no dia 7. "Queremos que os religiosos que protegeram os abusadores também sejam levados à julgamento", afirmou Judy Courtin, advogada responsável pela defesa de várias vítimas, incluindo Peter Blenkiro. Courtin explica que a Royal Commission tem poder para solicitar documentos da Igreja e cruzar depoimentos. "Estou convencida de que vão sugerir mudanças na legislação, forçando o governo a implementar as medidas", declarou. Entre as alterações, a advogada quer que as instituições, incluindo a Igreja, também possam ser responsabilizadas civilmente, para garantir o pagamento de indenizações "Eles se sentem sujos"
Mãe de uma vítima, Marie (que prefere não ter o sobrenome divulgado) exige justiça para o filho. Como Peter, ele também tinha 11 anos quando foi violentado pela primeira vez. "Foram dois religiosos ao mesmo tempo. Eles forçaram meu filho a praticar sexo oral e anal", lamenta. Ele só contou à família aos 30 anos de idade. "Eles se sentem sujos. Meu filho era revoltado, se envolveu com bebida e drogas, não podia manter um relacionamento", relata. Hoje, com 39 anos, ele está casado e tem duas filhas. "Temos sorte porque ele ainda está conosco; muitas vítimas cometem suicídio", ressalta. Naquela época, Marie e o marido acreditavam que o filho aprenderia bons princípios e valores na escola católica. "Quando soube, eu só queria morrer. Fiquei com o coração partido e cheguei a pensar em matá-los. Jesus Cristo foi um homem extraordinário, mas as pessoas se envolvem e destroem a mensagem. Eu espero que nossas leis mudem para que isso nunca mais aconteça", concluiu. Aos 50 anos, casado e pai de dois filhos, Peter Blenkiron dá um conselho às vítimas de abuso sexual no Brasil. "Busque ajuda, conte à família e amigos de confiança, procure um terapeuta e ingresse em grupos de ajuda, porque você não está sozinho! A cura vai lentamente acontecer". No Brasil, o telefone do Disque Denúncia Nacional de Abuso e Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes atende pelo número 100. Fonte: Gazeta universal.
Enquanto tocava a genitália do garoto dentro da sala de aula, o padre mandava os outros estudantes olharem apenas para a frente. Com medo, ninguém se atrevia a desobedecer. Quando as lágrimas escorriam dos olhos de Peter, ele ganhava abraços e beijos "para se acalmar". "Passei quase um ano aterrorizado, tentando evitá-lo", conta Peter ao Terra.
Em novembro daquele ano, o aluno foi levado ao dormitório do professor "como punição por não ter feito o tema de casa". Ele teve suas mãos amarradas e foi forçado a se virar de costas para o religioso, que violentou o menino. A dor física do abuso sexual continua na memória de Peter, mas o sofrimento emocional transformaria sua vida para sempre. "É uma bomba que pode explodir a qualquer momento", diz. Aos 38 anos de idade, ele teve uma crise nervosa, mas só conseguiu contar sua história quatro anos depois. "Da primeira vez que falei, permaneci no chão, em posição fetal, completamente perturbado", lembra. Era final do ano letivo e as férias escolares estavam começando. "Eu não contei nada pra ninguém porque estava com medo e não queria sofrer preconceito. Alguns colegas já tinham sido chamados de veados porque foram forçados a fazer sexo com outros garotos na frente dos religiosos", declara Peter. Durante o recesso, o professor foi transferido de colégio. Comissão investiga abusos. A transferência de padres, irmãos e seminaristas pedófilos para outras escolas ou paróquias é apenas um dos assuntos analisados pela Royal Commission, uma comissão nacional de inquérito criada para investigar casos de abuso sexual na Igreja Católica e outras instituições de menores. "Vamos examinar onde o sistema falhou com as crianças, para fazer recomendações e prevenir abusos", explicou o presidente da Comissão, Peter McClellan. O objetivo da investigação é melhorar as políticas de atendimento e mudar a legislação para garantir a punição dos culpados, diminuindo o poder da Igreja de transferir os agressores, por exemplo. A Comissão estima que cinco mil vítimas de abuso sexual serão ouvidas até dezembro de 2015, quando o relatório final deve ser apresentado. Os depoimentos começaram no dia 7. "Queremos que os religiosos que protegeram os abusadores também sejam levados à julgamento", afirmou Judy Courtin, advogada responsável pela defesa de várias vítimas, incluindo Peter Blenkiro. Courtin explica que a Royal Commission tem poder para solicitar documentos da Igreja e cruzar depoimentos. "Estou convencida de que vão sugerir mudanças na legislação, forçando o governo a implementar as medidas", declarou. Entre as alterações, a advogada quer que as instituições, incluindo a Igreja, também possam ser responsabilizadas civilmente, para garantir o pagamento de indenizações "Eles se sentem sujos"
Mãe de uma vítima, Marie (que prefere não ter o sobrenome divulgado) exige justiça para o filho. Como Peter, ele também tinha 11 anos quando foi violentado pela primeira vez. "Foram dois religiosos ao mesmo tempo. Eles forçaram meu filho a praticar sexo oral e anal", lamenta. Ele só contou à família aos 30 anos de idade. "Eles se sentem sujos. Meu filho era revoltado, se envolveu com bebida e drogas, não podia manter um relacionamento", relata. Hoje, com 39 anos, ele está casado e tem duas filhas. "Temos sorte porque ele ainda está conosco; muitas vítimas cometem suicídio", ressalta. Naquela época, Marie e o marido acreditavam que o filho aprenderia bons princípios e valores na escola católica. "Quando soube, eu só queria morrer. Fiquei com o coração partido e cheguei a pensar em matá-los. Jesus Cristo foi um homem extraordinário, mas as pessoas se envolvem e destroem a mensagem. Eu espero que nossas leis mudem para que isso nunca mais aconteça", concluiu. Aos 50 anos, casado e pai de dois filhos, Peter Blenkiron dá um conselho às vítimas de abuso sexual no Brasil. "Busque ajuda, conte à família e amigos de confiança, procure um terapeuta e ingresse em grupos de ajuda, porque você não está sozinho! A cura vai lentamente acontecer". No Brasil, o telefone do Disque Denúncia Nacional de Abuso e Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes atende pelo número 100. Fonte: Gazeta universal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário