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Mauro Hoffmann, um dos
sócios da boate que pegou fogo em Santa Maria, se apresenta à polícia (Foto: Emerson Souza/Agência RBS) |
Mauro Hoffmann, sócio da boate Kiss, onde um
incêndio deixou 231 mortos na madrugada do domingo em Santa Maria, se apresentou
à polícia na tarde desta segunda-feira (28). Segundo o chefe de polícia,
delegado Ranolfo Vieira Júnior, Hoffmann presta depoimento sobre o incêndio na
Delegacia Regional de Santa Maria. Pela manhã, a polícia também prendeu o dono
da boate, Elissandro Calegaro Spohr, e dois integrantes da banda Gurizada
Fandangueira, que fazia um show pirotécnico que teria dado início ao incêndio,
segundo informações do delegado Sandro Meinerz, responsável pelo caso. Todos
tiveram as prisões temporárias de cinco dias decretadas na madrugada desta
segunda pelo juiz Regis Adil Bertolin. Spohr, conhecido como Kiko, está um
hospital de Cruz Alta sob custódia, em estado regular por ter inalado fumaça e
deve seguir internado por dois dias. Depois, será encaminhado para Santa Maria.
O vocalista e um responsável pela segurança do palco da banda foram detidos na
cidade de Mata. Na manhã desta segunda, outros dois integrantes da banda falaram
sobre a tragédia. "Da minha parte, eu parei de tocar", disse o guitarrista
Rodrigo Lemos Martins, de 32 anos.
Depoimento
O primeiro a prestar depoimento, na manhã de
domingo, foi o dono da boate. Segundo o delegado Sandro Meinerz, Sphor afirmou à
Polícia Civil que sabia que o alvará de funcionamento estava vencido, mas que já
havia pedido a renovação. Ele também culpou a banda Gurizada Fandangueira pelo
início do incêndio. Spohr, que estava no local durante o incêndio, também negou
que tenha ordenado aos seguranças que impedissem a saída dos jovens, conforme o
delegado. Ele também negou ter retirado o computador que armazenava as imagens
gravadas pelas câmeras de segurança da boate. O computador com as gravações
sumiu do local, segundo Meinerz. O advogado Jader Marques, que representa Spohr,
afirmou em entrevista à Rádio Gaúcha antes da prisão que o dono da boate foi até
Cruz Alta para se submeter a um tratamento de desintoxicação e que a viagem foi
informada às autoridades. Ele também disse que seu cliente prestou todo o
atendimento às vítimas. "Esta tragédia também está marcando o Kiko e toda a sua
família. Todas as pessoas naquela boate eram amigas dele. Ele esteve lá
recebendo, atendendo. Perdeu funcionários", disse o advogado.
O incêndio começou por volta das 2h30 de
domingo, durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira, que utilizou
sinalizadores para uma espécie de show pirotécnico. Segundo relatos de
testemunhas, faíscas de um equipamento conhecido como "sputnik" atingiram a
espuma do isolamento acústico, no teto da boate, dando início ao fogo, que se
espalhou pelo estabelecimento em poucos minutos. Por meio dos seus advogados, a
boate Kiss se pronunciou sobre a tragédia, classificando como "uma "fatalidade".
A festa "Agromerados" reunia estudantes da Universidade Federal de Santa Maria,
dos cursos de pedagogia, agronomia, medicina veterinária, zootecnia e dois
cursos técnicos. A presidente Dilma Rousseff visitou Santa Maria no domingo e
decretou luto oficial de três dias. Pelo menos 101 das vítimas identificadas
eram estudantes da Universidade Federal de Santa Maria, segundo informou a
instituição em sua página na internet. O comandante do Corpo de Bombeiros da
região central do Rio Grande do Sul, tenente-coronel Moisés da Silva Fuch, disse
que o alvará de funcionamento da boate estava vencido desde agosto do ano
passado.
Público
Segundo informações da casa noturna, a
capacidade máxima é para mil clientes, mas o número de total de pessoas no
interior da boate no momento do incêndio ainda é desconhecido. O Corpo de
Bombeiros estima que o número era maior, perto de 1,5 mil. Estudantes que
sobreviveram à tragédia relataram que, inicialmente, seguranças da boate
tentaram impedir a saída dos clientes, mas que logo perceberam a fumaça e
liberaram a passagem. O capitão da Brigada Militar Edi Paulo Garcia disse que a
maioria das vítimas tentou escapar pelo banheiro do estabelecimento e acabou
morrendo. "Tirei mais de 180 pessoas dos banheiros. Eles estavam tentando
fugir", disse.
Resgate
Muitas pessoas que conseguiram sair da boate
ajudaram a socorrer as vítimas. "A gente puxava as pessoas pelo cabelo, pela
roupa, muita gente saía só de calcinha e cueca, muitas sem camiseta, talvez para
se proteger da fumaça", disse o jovem Murilo de Toledo Tiecher.
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Fonte: G1
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