Aumenta o número de crianças com ferimentos
graves por causa de acidentes com motos que chegam ao Hospital da Restauração
(HR), no Centro do Recife. A reportagem do NETV 2° Edição foi às ruas e
constatou que, mesmo a prática sendo proibida pelo Código de Trânsito
Brasileiro, é fácil encontrar crianças sendo transportadas irregularmente.
Quinze dos 60 leitos reservados para crianças no maior hospital de emergência do
Nordeste estão ocupados por vítimas de acidentes de motos. O Código de Trânsito
diz que conduzir motocicleta, motoneta ou ciclomotor transportando criança menor
de sete anos ou que não possa cuidar da própria segurança é infração gravíssima.
A multa é de R$191,00 mais sete pontos na carteira de habilitação. Adultos
conduzem os menores sem capacete, com três (ou mais) pessoas em uma moto, com
crianças espremidas no meio ou sozinhas na garupa. Vitória, dois anos, é uma das
vítimas da imprudência. Ela estava na moto com o pai e uma tia, quando eles
bateram em outra moto. A menina teve uma fratura no fêmur e está há mais de um
mês no Hospital da Restauração. “Ele ia levar ela para casa e a colocou [na
moto]. Não sabia o que ia acontecer. Eu também não sabia, agora estou com medo”,
falou a mãe de Vitória, Luziana de Melo. O tempo médio de permanência dos
pacientes na Restauração é de sete a 11 dias. Crianças dificilmente ficam
internadas menos de 45 dias e, muitas vezes, permanecem imobilizadas, entre uma
cirurgia e outra. Rafael já passou por quatro cirurgias. Está vivendo no
Hospital há sete meses. Fraturou as duas pernas, o fêmur, um braço e a bacia e
não consegue andar. Estava na moto com o irmão e uma menina de 12 anos. Todos
sem capacete. Os outros dois morreram. Faz sete meses que Rafael viu a morte de
perto, no asfalto. Desde lá vive na enfermaria. A maioria das crianças chega ao
HR com fraturas diversas. Se perdeu a pele, precisa de enxertos para fazer a
cobertura. Algumas têm partes do corpo amputadas. Estes pacientes mobilizam uma
equipe que a unidade de saúde nunca tinha precisado formar. "Antes, as crianças
envolvidas com acidentes de moto tinham eram atropeladas. Hoje, elas estão na
garupa e às vezes, dirigindo", diz o médico que coordena o atendimento e
coordenador do Comitê de Prevenção aos Acidentes com Moto, João Veiga. “Chegam
aqui crianças em estado grave, que vão ser atendidas por uma equipe
multidisciplinar, onde precisam ser operadas várias vezes por causa de lesões no
membro infeiror, no crânio, cirurgias plásticas. Há pessoas que vêm com a
família, pai e mãe, que ficam internadas também. Então, é um tipo de paciente
complexo, grave e caro”, explica. Fonte: G1.
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