As grandes apreensões de cocaína feitas por
autoridades federais no País - que, no início da década passada, estavam
concentradas nos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul - passaram a ser
registradas também no Paraná, Mato Grosso, Rondônia, Acre e Amazonas. Agora,
quase todos os Estados que estão na linha da fronteira seca do Brasil (limites
terrestres) com seus vizinhos latino-americanos registram expressivas apreensões
da droga. O aumento do número de Estados no mapa do tráfico de cocaína coincide
com a explosão do total da droga apreendido, verificada nos últimos dez anos. De
acordo com o mais recente balanço da Polícia Federal, enquanto em 2001 8,2
toneladas da droga foram apreendidas no País, em 2010 esse total pulou para 27
toneladas, um aumento de mais de três vezes, ou de 329%. As estatísticas das
apreensões incluem cocaína pronta para consumo, crack e pasta base (quando a
droga ainda não foi totalmente refinada). Em 2011, houve uma ligeira queda no
volume apreendido, no total foram 24 toneladas. Embora São Paulo continue no
topo da lista dos Estados onde mais se apreende cocaína, a quantidade recolhida
pela PF cresceu de 1,7 tonelada, em 2001, para 8,8 toneladas em 2010. No total,
foram 42 toneladas em dez anos. Já o Amazonas, ao lado dos outros Estados
fronteiriços, ganhou relevância: no início da década passada, as apreensões ali
eram de cerca de 400 kg ao ano; em 2010, foram quase duas toneladas recolhidas.
De 2001 a 2011, foram 16,3 toneladas de cocaína apreendidas no Amazonas. Os
Estados do Mato Grosso (que pulo de 1,3 toneladas apreendidas em 2001 para 4.9
toneladas em 2011), Paraná (de 140 kg em 2001 para 1,8 tonelada em 2011),
Rondônia (de 215 kg em 2001 para 1,4 toneladas em 2010) e Acre (374 kg em 2001
contra uma tonelada em 2009) também entraram com força na rota do tráfico. Mato
Grosso do Sul, que já era relevante no início da década (com 1,4 tonelada
recolhida em 2001), manteve a o segundo lugar no ranking de apreensão (3,8
toneladas em 2011). Em dez anos, foram 22 toneladas.
Rotas flexíveis
Para especialistas em narcotráfico ouvidos pelo
R7, o aparecimento de outros Estados no topo do ranking de apreensões indica que
os traficantes estão diversificando as rotas pelas quais o entorpecente é
transportado. Os “fluxos da droga são flexíveis”, explica Thiago Rodrigues,
professor no Instituto de Estudos Estratégicos da UFF (Universidade Federal
Fluminense) e autor do livro "Narcotráfico, uma guerra na guerra". — Se,
tradicionalmente, a entrada principal era no Mato Grosso do Sul e houve
concentração da repressão ali, novas rotas são experimentadas. A tendência é que
se encontrem outras passagens. O negócio é muito lucrativo, ele vale a pena, ele
paga o risco de se encontrar novas entradas. O ex-secretário de Políticas Sobre
Drogas e ex-secretário Nacional de Justiça Pedro Abramovay, afastado do governo
Dilma Rousseff após defender penas alternativas para pequenos traficantes, diz
que as rotas se expandem para o sul do País e para “os lados da
Venezuela”.
— A produção de folha de coca continua
concentrada nos Andes. Para o mundo inteiro, sai de lá. Agora, as rotas têm
variado. Sem dúvida, você tem uma dispersão das entradas pelo Brasil. Os
especialistas concordam, também, que houve aumento no consumo da droga no
Brasil, puxado, segundo Abramovay, pelo aumento do poder aquisitivo da
população. — Temos um período no qual a economia brasileira aumentou de maneira
exponencial, não só a economia como o número de consumidores. E, quando aumenta
o consumo, aumenta de tudo. De roupa, de banana, de carro, de álcool, de café e
de drogas ilícitas também.
Fonte: R7 Notícias
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