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Na tarde
desta segunda-feira (23/09/2019), Jogos mórbidos como o polêmico ‘Baleia
Azul’, que incita adolescentes à automutilação e ao suicídio, são mais comuns
do que se imagina. Quem assegura é a pediatra do Hospital Dom Malan (HDM)/Imip
em Petrolina, Jamily Pereira. Integrante da Sociedade Brasileira de Pediatria
(SBP), Jamily atua desde 2012 no setor de Emergência da unidade médica e, pela
sua experiência profissional, já percebeu um aumento no número de casos desse
tipo. “Há crianças, inclusive, praticando automutilação”, revelou, em
entrevista ao Programa Carlos Britto, na Rural FM, nesta segunda-feira (23).
Jamily conta, no entanto, que os casos mais comuns são
jovens entre 13 e 14 anos (idade máxima de atendimento no HDM/Imip). A pediatra
citou uma adolescente de 13 anos, em crise, a qual deu entrada no hospital com
marcas de cortes feitos com gilete.
“Perguntei à mãe sobre o WhatsApp da filha, mas ela me
disse que não tinha a senha. Então, conseguimos alguém para desbloquear o
aparelho e quando acessei o WhatsApp dessa adolescente, percebi que havia
vários grupos instigando a automutilação”, contou.
Especialista em depressão na infância e adolescência,
Jamile argumenta que os pais precisam estar mais presentes na rotina dos filhos
e manter uma relação amigável, mas sempre tomando as rédeas da situação. “Temos
de ser amigos dos nossos filhos, mas precisamos saber liderar. Se um filho
esconde algo do pai, é porque sabe que está errado”, analisou.
Sintomas
A pediatra assegura que a depressão acontece em
qualquer estágio da vida, mas é a partir dos 12 anos que pode ocorrer com mais
frequência. Ela assegura que esse problema sempre existiu, mas com o advento da
internet e das redes sociais, as informações sobre o assunto tornaram-se mais
acessíveis.
Em relação aos sintomas, Jamily deixou claro que o quadro
de depressão numa criança ou adolescente é completamente distinto do de um
adulto. Ela conta que, no caso do público mirim, é possível os pais notarem
algo suspeito quando seu filho tiver dificuldade para tomar simples decisões,
tem alterações no apetite, prefere o isolamento e não demonstra estar feliz, o
que aumenta a tendência para o suicídio.
Jamily ainda mencionou uma recente pesquisa no Recife,
a qual apontou que 60% dos adolescentes da capital pernambucana têm algum
sintoma de depressão. “Talvez muitas crianças estejam sendo sub-diagnosticadas”,
pontuou. Este mês, batizado de ‘Setembro Amarelo’, é dedicado a debater sobre
prevenção ao suicídio.

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