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Interrogatório de
Beira-Mar começou por volta das 15h (Foto: Priscilla
Souza/G1) |
Em julgamento iniciado por volta das 14h00
desta terça-feira (12), com uma hora de atraso, no Tribunal de Justiça, no
Centro do Rio, o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar,
negou que tenha orquestrado a morte de três homens. O criminoso, que chegou de
helicóptero por volta de 11h00, vindo de Bangu 1, e responde por homicídio
qualificado, disse ainda que está estudando teologia, à distância, do presídio
de Catanduvas (PR), para onde foi transferido em setembro de 2012. Segundo o
réu, ele tem vontade de trabalhar na área, mas a prisão não tem este tipo de
serviço. Na chegada ao tribunal, escoltado por quatro agentes do Departamento
Penitenciário Federal, a serviço do Ministério da Justiça, ele sorriu, acenou e
mandou beijos. Beira-Mar é acusado de orquestrar a morte de Antônio Alexandre
Vieira Nunes, Edinei Thomaz Santos e Adaílton Cardoso de Lima, de dentro da
penitenciária Bangu 1, onde estava preso em 2002. Apenas o terceiro sobreviveu.
Às 15h00, começou o interrogatório. Antes, a defesa pediu a suspensão da sessão
porque nenhuma das seis testemunhas compareceu. A promotoria, no entanto, disse
que não seria necessário, e o juiz Murilo Kieling decidiu prosseguir com o
julgamento, e perguntou se o réu usaria de seu direito de permanecer em
silêncio. Beira-Mar preferiu responder. O juiz perguntou, então, se o réu teria
ordenado os homicídios. "Não, de forma alguma", respondeu. "Tanto que eu mandei
socorrer o Adaílton, que era meu olheiro", disse sobre o sobrevivente,
desaparecido após o crime e, portanto, uma das testemunhas ausentes. Beira-Mar
contou que apenas ordenou a realização de uma reunião na favela Beira-Mar, em
Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, para esclarecer uma guerra que estava
acontecendo entre traficantes da comunidade. Nesta época, segundo ele, que
estava em Bangu 1, a ordem foi dada por meio de um dos telefones celular que
ficavam à sua disposição no presídio. Ainda de acordo com o réu, durante a
reunião, o traficante conhecido como Pepito teria se descontrolado e atirado a
esmo, matando inclusive inocentes. Questionado pelo MP sobre o interrogatório
anterior, em que negou ter conhecimento das mortes e que não se tratava de sua
voz nas escutas telefônicas, Beira-Mar admitiu que mentiu para não produzir
provas contra si mesmo. "Na época, eu tinha uma outra visão de vida. Estou
sofrendo bastante e quero pagar o que devo à Justiça", disse o traficante,
acreditando que quem tiver acesso às escutas telefônicas perceberá que não
partiu dele a ordem para os homicídios. Gravações telefônicas feitas pela
Polícia Federal em 2002 mostrariam o traficante ordenando as mortes das vítimas
pelo telefone, de dentro da cadeia. Logo depois, sons de tiros são registrados
no áudio gravado.
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O traficante Luiz
Fernando da Costa, conhecido como Fernandinho Beira-Mar, chega de helicóptero
para seu julgamento no TJ-RJ (Foto: Luiz Roberto Lima/Futura Press/Estadão
Conteúdo) |
Intervalo
Às 15h45, após o
fim do interrogatório, foi iniciado um intervalo de 10 minutos, antes da fase de
debates. Beira-Mar foi retirado do plenário e os jurados foram para a sala
secreta. Não há previsão para o fim do julgamento. As testemunhas serão ouvidas
e depois haverá um debate entre acusação e defesa. Apenas depois disso, os sete
integrantes do júri irão se reunir e o juiz dará a sentença. O traficante chegou
à penitenciária Bangu 1, no Rio, na tarde desta segunda para comparecer à
audiência, segundo a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap).
O réu cumpre pena na Penitenciária Federal de Catanduvas (PR). Antes, o
traficante estava preso na Penitenciária Federal de Segurança Máxima de Porto
Velho (RO).
Fonte: G1/Blog