Pesquisa divulgada do Instituto Locomotiva aponta que 94%
das pessoas avaliam que uma mulher ser “encoxada” ou ter o corpo tocado sem a
sua autorização é uma forma de violência sexual. A pesquisa ouviu, entre os
dias 15 e 20 de agosto, 2.030 mulheres e homens em 35 cidades brasileiras.
De acordo com a pesquisa, somente este ano 13,7 milhões
de mulheres afirmaram que já foram “encoxadas” ou tiveram o corpo tocado sem
autorização, o que representa 17% do total de mulheres adultas do país. Este
número é ainda maior (20% do total) entre as mais jovens, na faixa etária de 18
a 34 anos.
Conforme a pesquisa, 35% dos brasileiros adultos, ou o
correspondente a 84 milhões de pessoas, conhecem uma mulher que foi beijada à
força no último ano, o que também constitui violência sexual. A pesquisa mostra
que 23% das mulheres (17,8 milhões de mulheres) foram ameaçadas por algum homem
este ano.
O presidente do instituto, Renato Meirelles, lamenta que
essa realidade seja presente na vida de muitas brasileiras. “Um juiz pode achar
que não é violência sexual, mas 94% acham que é. E não estamos falando nem em
ejacular”, disse. Na última terça-feira, Diego Ferreira de Novais foi preso
após ter ejaculado em uma passageira em ônibus na cidade de São Paulo. No
entanto, na ocasião, o juiz José Eugênio Amaral Souza o liberou aplicando uma
pena de multa, por considerar o fato uma contravenção penal, e considerou que
não houve constrangimento para vítima, o que repercutiu no país.
“É importante entender que isso sempre existiu no Brasil.
A questão é que agora as mulheres estão mais cientes dos seus direitos, por um
lado, e por outro lado, tem as redes sociais que funcionam como denúncia e isso
acaba criando uma pressão popular para que as autoridades sejam mais rigorosas
no cumprimento da lei”, comentou Renato Meirelles.
A pesquisa pretende provocar o debate na população sobre
o tema para mostrar que atos recentes não são exceção, mas são a regra do dia a
dia brasileiro. “As mulheres são mais vítimas de abusos e de machismo do que se
pode imaginar”, apontou. Completou que não se trata de um ato isolado. “É um
ato contínuo”

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