Em 26 de agosto 2017
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) calcula
que o impacto tarifário da mudança no regime de venda de energia por
hidrelétricas pode ser bem superior aos 7% projetados pelo governo.
Em documento entregue ao Ministério de Minas e Energia
(MME), a agência fala em alta de até 16,7%, no pior cenário. O cálculo é parte
das contribuições da Aneel para a consulta pública sobre o novo marco do setor
elétrico.
A proposta de revisão no marco regulatório permite que
usinas que hoje vendem energia sob o regime de cotas, com tarifas mais baixas,
possam migrar para o mercado livre.
Há hoje 91 usinas hidrelétricas operando sob cotas, com
uma capacidade total de 29.000 megawatts (MW). Deste total, 14 são da
Eletrobras e representam quase a metade da capacidade total.
“Tratam-se de ativos já depreciados, cuja remuneração foi
garantida ao longo dos anos pelos usuários desde o início da prestação do
serviço de geração”, diz a Aneel. “Estabelecer um novo regime comercial, em que
o preço será estabelecido livremente, tem um efeito perverso sobre o custo da
energia suportado por esses consumidores”, completa.
A agência fez simulações considerando três faixas de
preços para os novos contratos dessas usinas, que hoje chega ao mercado, em
média, a R$ 75,32 por megawatt-hora (MWh).
Se todas elas passarem a vender a energia a R$ 150 por
MWh, o impacto nas tarifas pode ser de até 7,1%. A R$ 250, o impacto máximo
sobe para 11,9% e a R$ 250, chega a 16,7%.
Caso a adesão seja apenas de metade da capacidade das
usinas que vendem sob cotas, o impacto máximo será de 3,6%, com preço a R$ 150,
e de 8,3% com preço a R$ 250.
O governo alega que usará parte do bônus pago pelos
empreendedores que optarem pela mudança no regime para reduzir encargos
setoriais cobrados na conta de luz, o que poderia compensar a alta.
Outra parcela seria destinada ao Tesouro, ajudando a
conter o déficit nas contas públicas. A mudança no regime comercial faz parte
de uma ampla reforma proposta pelo governo no início de julho e não depende
necessariamente da privatização da Eletrobras, proposta essa semana pelo
governo.
Mas a ideia é que os dois processos sejam concluídos
simultaneamente, já que a venda de ações da estatal garante os recursos para
que ela pague o bônus para mudar o regime de suas usinas.
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