Investigação
Às 20:40, Desta Sexta, 21/04/2017
A Polícia Civil investiga sete casos de pessoas em Pernambuco que entraram no ‘jogo da Baleia Azul’, que incita ao suicídio. Além da ocorrência registrada em Paulista, há outros dois em investigação no Recife, um em Vicência e outro em Goiana, municípios da Zona da Mata Norte de Pernambuco. Há, ainda, dois casos em Moreno, no Grande Recife, investigados de forma isolada pela Polícia Federal. Para tentar minimizar as consequências do jogo aos envolvidos e encontrar os ‘curadores’ que fazem as ameaças, haverá uma parceria entre as duas polícias.
Anunciado nesta
quinta-feira (20) pelo delegado da Polícia Civil Darlson Macedo, gestor do
Departamento de Polícia da Criança e do Adolescente (DPCA), o trabalho em
conjunto com a PF tem o objetivo de encontrar os responsáveis por coagir os
participantes do jogo. “Logo de cara, é possível identificar os crimes de
ameaça, lesão corporal e induzimento ao suicídio”, explica, já que as vítimas
são desafiadas a cumprir tarefas que envolvem mutilação corporal.
De acordo com o
gestor do DPCA, o caso recente de uma adolescente no município de Paulista já
possibilitou a identificação de alguns dos números de telefone utilizados pelos
criminosos para fazer as ameaças. “Quando a mãe da vítima nos procurou,
determinamos a saída dela do grupo. Assim que ela deixou de fazer parte da
rede, ela começou a receber ameaças via WhatsApp. Foi aí que identificamos os
números e já estamos tomando as providências”, explica, referindo-se a
telefones com códigos da Bahia, de Minas Gerais e do interior do Rio de
Janeiro.
O trabalho de
investigação também é complementado pelos depoimentos dos jovens que são
vítimas das ameaças. “Normalmente os jovens, com medo, negam que estão
participando do jogo, mas ainda assim estamos conseguindo extrair informações”,
afirma o delegado.
Ainda segundo
Macedo, o grau de dificuldade dos desafios aumenta a cada fase e, na última, os
participantes são encorajados a tirarem a própria vida. “O adolescente que
participa acredita que aquela ameaça é real, porque eles [os ‘curadores’] têm
várias informações daquela pessoa. Muitas delas fornecidas pela própria vítima,
o que é mais grave”, comenta o delegado, ressaltando a importância da
observação dos pais ou responsáveis para evitar esse tipo de situação.
“É muito
importante que os pais estejam junto dos filhos, que acompanhem as rotinas e
que chamem a polícia caso detectem algo diferente. É um caminho sem volta”, alerta.
As
recomendações para as famílias são: monitorar o uso da internet, frequentar as
redes sociais dos filhos, observar comportamentos estranhos e, sobretudo,
conversar e conscientizar os adolescentes a respeito das consequências de
práticas que nada têm de brincadeira. Atenção redobrada com os jovens que
apresentem tendência a depressão, pois eles costumam ser especialmente atraídos
por jogos como o da Baleia Azul.
Também as
escolas devem colocar o assunto em pauta e incorporar no currículo, cada vez mais,
a educação para a valorização da vida, o respeito pela vida dos outros e o uso
consciente das mídias e tecnologias.
1. Fique atento
à mudança de comportamento
Uma mudança
brusca de comportamento pode ser sinal de que a criança ou o adolescente esteja
sofrendo com algo que não saiba lidar, segundo Elizabeth dos Reis Sanada,
doutora em psicologia escolar e docente no Instituto Singularidades.
“Isolamento,
mudança no apetite, o fato de o adolescente passar muito tempo fechado no
quarto ou usar roupas para se esquivar de mostrar o corpo são pistas de que
sofre algo que não consegue falar”, diz.
2. Compartilhe
projetos de vida
Para entender
se a criança ou adolescente está com problemas é fundamental que os pais se
interessem por sua rotina. Elizabeth reforça que este deve ser um desejo
genuíno, e não momentâneo por conta da repercussão do “Jogo da Baleia”.
“Os pais devem
conhecer a rotina dos filhos, entender o que fazem, conhecer os amigos”, afirma
a Elizabeth. Ela lembra que muitos adolescentes “falam” abertamente sobre a
falta de motivação de viver nas redes sociais. Aos pais cabe incentivar que os
filhos tenham projetos para o futuro, tracem metas como uma viagem, por
exemplo, e até algo mais simples, como definir a programação do fim de semana.
3. Abra espaço
para diálogo
Filhos devem se
sentir acolhidos no âmbito familiar, por isso, Elizabeth reforça que é
necessário que os pais revertam suas expectativas em relação a eles. “É preciso
que o adolescente se sinta à vontade para falar de suas frustrações e se sinta
apoiado. Se ele tiver um espaço para dividir suas angústias e for escutado, tem
um fator de proteção”, afirma Elizabeth.
Angela Bley,
psicóloga coordenadora do instituto de psicologia do Hospital Pequeno Príncipe,
diz que o adolescente com autoestima baixa, sem vínculo familiar fortalecido é
mais vulnerável a cair neste tipo de armadilha. “O que tem diálogo em casa, não
é criticado o tempo todo, tem autoestima melhor, tem risco menor. Deixe que ele
fale sobre o jogo, o que sente, é um momento de diálogo entre a família.”
Angela reforça
que muitas vezes o adolescente não tem capacidade de discernir sobre todo o
conteúdo ao qual é exposto. “Por isso é importante o diálogo franco. Não pode
fingir que esse tipo de coisa não existe porque ele sabe que existe.”
4. Adolescentes
devem buscar aliados
O adolescente
precisa buscar as pessoas em que confia para compartilhar seus anseios, seja no
ambiente escolar ou familiar, segundo as especialistas. “Que ele não ceda às
ameaças de quem já está em contato com o jogo e entenda que quem está a frente
deles são manipuladores”, diz Elizabeth.
5. Escolas
podem criar iniciativas pela vida
Assim como a
família, as escolas podem ajudar a identificar situações de risco entre os
alunos. “Não é qualquer criança que vai responder ao chamado de um jogo como
esse, são os que têm situações de vulnerabilidade. A escola ajuda a construir
laços e tem papel fundamental de perceber como os alunos se desenvolvem”,
afirma Elizabeth.
Alguns
colégios, já cientes da viralização do jogo, começaram a pensar em alternativas
para aumentar a conscientização sobre a importância de cuidade da vida. No
Colégio Fecap, que fica na Região Central de São Paulo, essa ideia virou
projeto escolar: a turma de alunos do ensino médio técnico de programação de
jogos digitais começou a criar uma espécie de “contra-jogo” da Baleia Azul. “O
jogo ainda está sendo produzido pelos alunos. Eles estão se reunindo e
debatendo a questão. Serão 15 desafios de como desfrutar melhor da vida e
celebrá-la”, conta o professor Marcelo Krokoscz, diretor do colégio.
Durante o
curso, os estudantes aprender a aplicar linguagens de programação para criar
jogos para computadores, videogame, internet e celulares, trabalhando desde a
formação de personagens, roteiros e cenários até a programação do jogo em si.
Segundo Krokoscz, a ideia é que o jogo, ainda sem prazo de lançamento, esteja
disponível on-line para o público em geral.
Ele afirma que
o objetivo é a ajudar os jovens a verem o lado bom da vida. “Impacta mais
fortemente nossos alunos a partir do momento que eles mesmos criam um jogo a
favor da vida.”
Fonte: G1 Petrolina.
Coronel
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