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Pilotos receberam homenagem no Facebook da Esquadrilha (Foto: Reprodução/Facebook) |
Os dois ocupantes do Super Tucano A-29 da Esquadrilha da Fumaça, que
caiu na manhã desta segunda-feira (12), na pista da Academia da Força
Aérea (AFA), em Pirassununga (SP), eram experientes e estavam na Força
Aérea desde 1998. O capitão aviador João Igor Silva Pivovar e o capitão
aviador Fabrício Carvalho, ambos de 31 anos, chegaram a realizar a
ejeção, mas morreram no local. O Centro de Investigação e Prevenção de
Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) vai investigar os fatores que causaram a
queda.
O acidente ocorreu por volta das 9h quando duas aeronaves faziam
manobras. Ao invés de subir, um dos aviões se chocou com o chão “Era um
voo de treinamento, na fase de desenvolvimento de manobras durante a
implantação da nova aeronave. No momento de recuperação, na descida,
essa aeronave entrou em atitude anormal e colidiu com o solo. Não
sabemos o que gerou essa atitude. Houve uma pequena explosão, mas não
houve tempo para socorro”, afirmou o comandante do Esquadrão de
Demonstração Aérea (EDA), tenente coronel Marcelo Gobett Cardoso. Ainda
segundo Cardoso, mesmo com a ejeção, não foi possível salvar os
pilotos. “A aeronave estava se recuperando de uma manobra e não estava
nas condições propícias para a ejeção. Vamos aguardar o laudo inicial
para que a gente possa avaliar. Esperamos poder continuar esse processo
de implantação do Super Tucano”, disse.
Segundo o comandante da AFA, o brigadeiro do ar Carlos Eduardo da Costa
Almeida, os pilotos treinavam juntos porque ocupavam a mesma posição na
esquadrilha e faziam as mesmas manobras. "Informações, imagens, peças e
análise de caixa preta vão montar um quebra-cabeça para mostrar o que
aconteceu", afirmou.
O velório das vítimas começou às 18h30 na AFA e é restrito a colegas e
parentes dos pilotos. Os corpos serão enterrados nas cidades de origem,
mas os horários ainda não foram confirmados.
Perfil
O capitão aviador Fabrício Carvalho tinha 31 anos e nasceu em
Conselheiro Lafaiete (MG). Ele ingressou na Força Aérea em 1998 como
cadete e foi declarado aspirante a oficial em 2003. Na Esquadrilha da
Fumaça ocupava a posição de ala esquerda externa. Tinha 2.350 horas de
voo e era chefe da subsecção de Planejamento Controle e Estatística do
EDA. Antes era piloto de transporte.
Já o capitão aviador João Igor Silva Pivovar, que completaria 32 anos em
1º de outubro, nasceu em Jaguariaíva (PR). Ele também ingressou na
Força Aérea em 1998, na Escola Preparatória de Cadetes do Ar (EPCAr),
sendo declarado aspirante a oficial em 2002. Tinha experiência de voo
nas aeronaves T-25 Universal, T-27 Tucano, H-50 Esquilo, H-1H Huey e
U-42 Regente. Ele era o chefe da Subseção de Relações Públicas do EDA.
Na página da Esquadrilha da Fumaça no Facebook, os dois pilotos foram
homenageados com uma foto em que ambos aparecerem juntos, seguida da
mensagem: “A equipe Esquadrilha da Fumaça lamenta o acidente ocorrido
com dois de nossos integrantes. Um rastro de fumaça branca jamais se
apaga...”
Novos aviões
O Super Tucano A-29 tem praticamente o dobro do peso do T-27 e quase o
dobro de potência. A velocidade máxima também aumentou de 550
quilômetros por hora para 690 quilômetros por hora.
A aeronave é utilizada pela FAB para a formação de pilotos de caça e,
também, no patrulhamento das fronteiras do Brasil. O avião foi
apresentado pela AFA em fevereiro deste ano, substituindo o T-27, usado
nas apresentações dos últimos 29 anos. No fim de março, os pilotos da
FAB iniciaram os treinamentos. No domingo (11), durante a homenagem ao
Dia dos Pais na cidade, a Esquadrilha da Fumaça nem chegou a fazer
manobras porque os pilotos ainda estão em treinamento com o novo modelo.
Além da equipe de pilotos,os mecânicos e demais membros do EDA também
estão em fase de preparação para a transição que está prevista para
terminar somente no ano que vem.
Outros acidentes
Em 61 anos de história da Esquadrilha da Fumaça foram 10 acidentes com
13 mortes. O último foi em abril de 2010 quando um avião caiu durante
uma exibição em Lages (SC). Na ocasião, o piloto de 33 anos também
morreu. Durante uma manobra, feita em comemoração aos 68 anos do
Aeroclube de Lages, a aeronave T-27 bateu no solo. O avião caiu na beira
da pista do Aeroporto Federal da cidade, bem perto das pessoas e de
residências.
Em 2004, dois aviões T-27 da Esquadrilha da Fumaça se chocaram no ar
durante um treinamento e caíram na zona rural de Santa Rita do Passa
Quatro (SP). Os quatro pilotos conseguiram se ejetar e sobreviveram, mas
ficaram feridos.
Em abril de 2003, um tenente e um cadete morreram depois que um T-27
Tucano caiu em um canavial, em Ibaté (SP).
Em julho de 2001, durante voo de treinamento, um capitão da FAB morreu
quando o avião caiu em um pomar de laranja, em Santa Cruz das Palmeiras
(SP).
Histórico
A história da Esquadrilha começou no Rio de Janeiro. Instrutores de voo
da escola de aeronáutica decidiram treinar acrobacias em grupo nas horas
de folga. A primeira exibição para o público foi em 14 de maio de 1952.
Três anos mais tarde, a Esquadrilha ganhou os próprios aviões.
O modelo escolhido foi o norte-americano T6. A esquadrilha foi
reconhecida como unidade da FAB em 1963. Treze anos depois foi
desativada e só voltou em 1983. Em seguida recebeu o Tucano T-27,
fabricado no país, e em 2002, a troca de cores deixou os tucanos ainda
mais brasileiros.
Fonte: G1
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