Cruzes pelo chão marcam protesto contra morte de policiais no Rio Grande do Norte
O número de policiais assassinados no Rio
Grande do Norte é, proporcionalmente, maior que a quantidade de policiais que
perderam suas vidas em São Paulo ao logo do ano, segundo informação do Conselho
Estadual de Direitos Humanos. De acordo com Marcos Dionísio, presidente do
Conselho, somente em 2012, nove policiais militares e dois policiais civis foram
mortos no RN, além de outros 12 PMs que sofreram atentados ao longo deste ano.
No estado paulista foram 98 assassinatos. Apesar da diferença, a taxa de
mortandade no RN é um pouco maior que a registrada em São Paulo, é o que relata
Dionísio. Para chegar a esta conclusão, Marcos Dionísio dividiu o número de
agentes da segurança pública pela população total dos estados do RN e de São
Paulo. Depois, ele multiplicou o resultado por 100 mil habitantes, o que
representa o número de agrupamento de cidadãos utilizado como parâmetro pela
Organização das Nações Unidas, a ONU. De acordo com Dionísio, o resultado aponta
para uma taxa de mortandade de 0,3% no Rio Grande Norte; em São Paulo, a taxa é
de 0,2%. Para demostrar a preocupação com estes índices de violência, policiais
potiguares aderiram, na manhã desta terça-feira (20), ao protesto nacional
batizado de 'Caminhada Nacional em Defesa da Vida dos Policiais' . O ato contou
com a participação de policiais baianos. Aconteceu em frente ao shopping Midway
Mall, na avenida Senador Salgado Filho, no bairro do Tirol, zona Leste da
capital. No local, representantes de associações militares e sindicatos de
classe se uniram a ativistas dos direitos humanos e estiraram várias cruzes
sobre a calçada para simbolizar os policiais mortos no estado. O sargento Eliabe
Marques, presidente da Associação de Subtenentes e Sargentos Policiais Militares
e Bombeiros Militares do RN (ASSPMBM), criticou a forma como é tratada a morte
dos policiais. "Dizem que os que foram assassinados e estavam de folga eram
envolvidos com o crime, mas isso não é verdade. Só serve para esconder a crítica
realidade da polícia", disse o sindicalista. Ainda de acordo com o sargento
Eliabe, a Polícia Militar do Rio Grande do Norte tem 9.400 homens à disposição
da companhia, quando a corporação possui somente 2 mil coletes à prova de bala.
"Tem muito policial trabalhando sem colete", afirmou Eliabe. O comando da PM diz
que vem fazendo esforços junto ao Governo do Estado para melhorar a qualidade do
trabalho dos policiais. O coronel Francisco Araújo, comandante geral da
corporação, afirma que este ano foram entregues 1.200 novos coletes à
corporação, além de novos veículos, capacetes e escudos balísticos, munição e
pistolas. "Tudo isso para melhorar o trabalho e protegê-los", declarou o
comandante. Araújo também afirma que todos os policiais estão sendo treinados
para tomarem cautela no trabalho diário e durante as folgas. “Além dos coletes
entregues em 2012, a PM possui outros 2 mil coletes balísticos”, acrescentou o
comendante. Segundo ele, alguns dos equipamentos estão vencidos, mas já foram
solicitados outros 2 mil novos coletes. Por fim, o comando geral da PM reconhece
que o número ainda não é suficiente. "O ideal seria que todos os PMs tivessem
seu colete", declarou Francisco Araújo. O coronel informou ainda que, no início
do mês de dezembro, haverá um treinamento de tiro para capacitação dos
policiais. "Organizamos também uma reunião para ministrar cursos aos nossos
homens e mulheres sobre medidas de segurança a serem adotadas", reforçou
Araújo.
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