O pedagogo juazeirense Antoinio Alves da Cruz,
encaminhou um artigo à imprensa, com reflexões sobre a realidade das crianças
que pedm esmolas nos semáforos, em Juazeiro e Petrolina. Leia:
AS DORES DO MUNDO E A BOA
VONTADE
“Segunda-feira, 19:30min. Semáforo do
centro da cidade, trânsito ‘carregado’. É comum a aproximação de
crianças-pedintes, que se humilham encostadas nos vidros laterais dos veículos a
esboçar angustia nos seus rostos maltratados, sujos e sofridos nos desejos de
coisas mínimas que não vem. Coisas estas que a grande maioria das pessoas tem e
as desprezam por ignorância de que outras tantas pessoas tem como objeto do
desejo da necessidade e não conseguem alcançar. Encostada ao vidro lateral do
seu veículo uma criança de aproximadamente oito anos de idade estende a palma da
mão e pede algo para alimentar-se e numa ação de rejeição espontânea lhe é dito
que ‘não tem!’ Assim é mais fácil de esquivar-se do problema que você quer
acreditar que não é seu. Na fração de segundo que se segue o semáforo se abre e
você engrena a marcha do seu veículo para sair, mas a criança chorosa, com
expressão de dor e o maxilar ‘inchado’ continua ao lado. E aí, antes de partir,
você resolve baixar o vidro e lhe perguntar- por que chora, está sentindo alguma
coisa? O que prontamente ela responde é que estou com ‘dor-de-dente!’ Acelerar o
veículo e sair dalí é fácil. Difícil é nos próximos segundos que se seguem você
não se comover com aquela dor, que se sabe, insuportável, e que dirá numa
criança que está suja, com fome e sem uma perspectiva de sanar aquela aflição
miserável a lhe corroer. Então, nos próximos minutos que vem, o desejo da
caridade fará você pesar, pela dor que o outro sente, principalmente, por ser a
dor numa criança. Pode-se aí perguntar o que poderei fazer? E você retorna,
chama a criança e lhe pergunta – quer um remédio para sanar a dor? É certo que
ela dirá que quer e você atende. Em seguida você dirá, – agora vá para casa,
pois não é hora de você estar na rua, e mais uma vez ela dirá de outra dor, dirá
que está com o estômago vazio, que sente fome e sede e vai precisar ficar para
arranjar uns trocados para se alimentar. Então, por mais uma caridade, você
resolverá aquela situação, também, lhe oferecendo alimento e bebida. Resolvido o
problema, graças a Deus, fiz a minha parte! Mas, você é um ser pensante e essa
história ainda não fecha na sua mente. Por que será? As possíveis respostas
estão todas ordenadas na sua mente e você sabe, e sabe também das possíveis
soluções, ao menos os homens e mulheres de Boa Vontade sabem. Para quem está na
escuridão é mais fácil perceber o caminho da luz, mas não é mais fácil seguir
para ela!”
Antonio Alves da cruz
Pedagogo e especialista em Educação
Ambiental
Fonte: Blog do Carlos Britto/Blog Diniz K-9
Nenhum comentário:
Postar um comentário