Plantão
Nesta terça-feira (12/05/2020), Foi divulgada uma Pesquisa realizada
na semana passada pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) com cerca de
400 médicos de 23 estados e do Distrito Federal, correspondentes a 8% do total
de psiquiatras do país, mostra que 89,2% dos especialistas entrevistados
destacaram o agravamento de quadros psiquiátricos em seus pacientes devido à
pandemia de covid-19. “O isolamento social mexe muito com a cabeça das
pessoas”, comentou, em entrevista à Agência Brasil, o presidente da ABP, Antônio
Geraldo da Silva.
De acordo com o levantamento, divulgado nessa segunda-feira (11) pela
associação, 47,9% dos consultados tiveram aumento nos atendimentos após o
início da pandemia. Essa expansão atingiu até 25%, em comparação ao período
anterior, para 59,4% dos psiquiatras entrevistados.
Do total de entrevistados, 44,6% afirmaram ter percebido queda no
número de atendimentos, por razões diversas, entre as quais interrupção do
tratamento pelo paciente com medo de contaminação pelo vírus, restrições de
circulação impostas pelas autoridades e redução no atendimento aos grupos de
risco.
A pesquisa mostra também que 67,8% dos médicos receberam pacientes
novos, que nunca haviam apresentado sintomas psiquiátricos antes, após o início
da pandemia e do isolamento social. Outros 69,3% relataram ter atendido
pacientes que já haviam recebido alta médica, mas que tiveram recidiva de seus
sintomas.
Sensibilidade
O presidente da ABP disse que a população brasileira vê o número de
pessoas contaminadas pelo novo coronavírus aumentar a cada dia. “São quase 200
mil casos e mais de 11 mil mortes, e as pessoas não veem uma solução”, afirmou
o especialista.
“É uma situação de medo, de ameaça constante, sem saber o que fazer”,
completou. Muitos pacientes não vão ter acesso a medicamentos. Com isso, a
ansiedade, o estresse e a paranoia aumentam e eles deixam de ir ao médico,
perdendo as orientações necessárias.
Antônio Geraldo da Silva destacou que há 45 dias escreveu um artigo
alertando o governo sobre o surgimento da “quarta onda”, que é a das doenças
mentais, como resultado dos impactos que a pandemia traria nos atendimentos e
na saúde mental da população.
“Não se pode descuidar das doenças de pacientes mentais e da parte da
saúde mental das pessoas”, observou.
A resposta veio por intermédio da secretária de Gestão do Trabalho e
da Educação na Saúde (SGTES), do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro. O Ministério
da Saúde firmou parceria com a ABP para garantir atendimento psiquiátrico aos
profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS) que estão na linha de frente do
combate à covid-19. O Amazonas foi um dos primeiros estados atendidos.
Antônio Geraldo da Silva informou que cerca de 900 mil profissionais
do SUS vão receber questionários “para saber sobre a saúde mental deles, com a
preocupação do tipo cuidando do cuidador”. A ABP apoia também outra sondagem
sobre a saúde mental do povo brasileiro, para identificar as doenças que vão
aparecer mais neste período de pandemia.
Política pública
O presidente da ABP vai levar ao Ministério da Saúde os resultados da
pesquisa com os psiquiatras, mostrando que há crescimento das doenças mentais
no país. “A gente precisa fazer uma política pública mais direcionada para
atender a essas pessoas que estão sofrendo. A gente precisa, com urgência,
cuidar dessa quarta onda, que é a das doenças mentais, dos transtornos
traumáticos. Não dá para esperar. Isso é gravíssimo”, afirmou.
—
Pernambuco
News.

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